sexta-feira, 27 de julho de 2012

O círculo da Loja

O Círculo da Loja
Introdução
Esse trabalho tem o intuito de transmitir aos irmãos as nossas percepções sobre um interessante trecho 6ª sessão da Prelação do Primeiro Grau que, certamente, nos leva a uma reflexão profunda sobre seus simbolismo e significado.
É ele: “Em toda Loja regular, constituída, há um ponto no interior de um circulo e que os Irmãos, ali colocados não podem entrar. Esse círculo é limitado; entre Norte e Sul por duas grandes linhas paralelas, representativas de Moisés e do Rei Salomão. Na sua parte superior fica o Livro das Leis Sagradas, como base da Escada de Jacó, cujo topo alcança os Céus; e desde que sejamos versados naquele Livro Sagrado, e professemos as doutrinas nele contidas, como fizeram aquelas paralelas, ele nos conduzirá àquele que não nos falhará, bem como não nos decepcionará. Caminhando ao redor desse circulo, tocaremos necessariamente em ambas as paralelas e no Livro Sagrado; e enquanto um Maçom conseguir manter-se assim, circunscrito, não poderá jamais incidir em erro”.
Em primeiro lugar, expomos aqui uma breve pesquisa sobre quatro assuntos tratados neste treco: Moisés e o Rei Salomão, como as linhas paralelas, e o Livro das Leis Sagradas e a Escada de Jacó, como o ponto superior do círculo. Logo após, compartilhamos nossos entendimentos e impressões.
As Linhas Paralelas
As linhas paralelas, seguindo de Leste a Oeste, tangem um círculo imaginário, cujo centro de alinha ao centro da Loja.

Moisés
Na época em que Moisés nasceu, algo em torno de 1592 A.C., havia um decreto do Faraó em que todos os meninos hebreus que nasciam, deveriam ser mortos. A mãe de Moisés não teve coragem de matá-lo e então o escondeu por três meses. Quando percebeu que não conseguiria mais escondê-lo fez uma cesta e a jogou no Nilo com o filho dentro, onde a filha do faraó o encontrou. E a filha do Faraó pediu, ironicamente, que a mãe biológica dela o criasse. Quando ele cresceu, foi criado na casa da filha do Faraó, que o adotou e terminou de criá-lo.
Já adulto, quando andava pelas redondezas, viu um egípcio batendo em um hebreu e não havendo ninguém por perto, matou o egípcio para defender seu próprio povo. Quando ele percebeu que havia sido descoberto fugiu daquela região. Durante essa época, morreu o rei do Egito e o povo clamou a Deus. Ele, ouvindo o clamor do povo, falou a Moisés.
Então Deus ordenou que Moisés fosse até o Egito, na terra do Faraó, e que lá libertasse o povo que estava sendo oprimido. E Moisés pensou que o povo não acreditaria que Deus havia lhe falado e portando, Deus concedeu poderes para que ele provasse ser a voz de Deus. Seu bordão, ao ser jogado no chão, se transformava em cobra, e sua mão ao tocar o peito, ficava leprosa e se restaurava. Essa deveria ser a prova para que o povo o acompanhasse e fugisse da opressão egípcia.
Após todas as demonstrações, Moisés ainda questionou sua inabilidade com a retórica, tentou se esquivar da missão que lhe havia sido outorgada e Deus se irritou e disse que ele seria sua voz e guiaria todas as suas falas.
Quando Moisés chegou ao Egito, tentou falar com o Faraó, que se irritou e aumentou o trabalho do povo hebreu, já que tinham tempo para clamar a Deus. E então Moisés chamou a Deus e disse que não sabia falar e que não conseguiria tirar o povo dali. E Deus respondeu que ele deveria falar o que Ele lhe dizia, mas que endureceria o coração do Faraó, e faria suas maravilhas no Egito.
E quando o Faraó negou-se a libertar o povo novamente, surgiu no Egito as dez pragas de Deus. E após a décima praga, a morte dos primogênitos egípcios, o Faraó deixou que os israelitas saíssem. Porém, quando o povo estava deixando o Egito, Deus mudou o coração do Faraó para que ele impedisse a fuga do povo de Israel, e mandou os perseguir. Dando prova de seu Poder, através de Moisés, Deus abriu o mar para que seu povo passasse por ali, transformou a água salgada em água potável e por fim falou a ele no Monte Sinai, quando lhe disse os seus 10 mandamentos. Além dos 10 mandamentos, Deus ainda codificou outras leis acerca dos servos, da violência, leis civis e religiosas. Toda essa compilação foi guardada em uma arca, a Arca da Aliança, a aliança entre Deus e o povo de Israel.

O Rei Salomão
Em Reis, capítulo 3 (versículos de 5 a 14), pode-se ler: “E em Gibeom apareceu o SENHOR a Salomão de noite em sonhos; e disse-lhe Deus: Pede o que queres que eu te dê. / E disse Salomão: (…) A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem o mal; porque quem poderia julgar a este teu grande povo? / E esta palavra pareceu boa aos olhos do Senhor, de que Salomão pedisse isso. / E disse-lhe Deus: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo; / Eis que fiz segundo as tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve, e depois de ti igual também não de levantará. / E também até o que não pediste te deu, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos os teus dias. / E, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos, e os meus mandamentos, como andou Davi teu pai, também prolongarei os teus dias”.
Salomão, filho de Davi, era célebre por sua sabedoria – dominava todos os conhecimentos de sua época bem como no passado. Nasceu em Israel, em 1000 A.C. Reinou entre 970 e 931 A.C. e, durante esse período, protegeu as artes e o comércio, estabelecendo boas relações e alianças com os países vizinhos como Fenícia, Síria e Arábia.
Com o rei de Tiro, Hiram, criou uma frota mercante cujas expedições chegaram aos limites do mundo conhecido. Projetou grandiosas construções como o majestoso templo de Jerusalém, chamado depois de templo de Salomão, que se tornou o centro da unidade nacional dos hebreus e do cristianismo primitivo. Construiu também importantes obras hidráulicas, principalmente reservatórios e aquedutos para abastecimento e irrigação, como por exemplo, o aqueduto de Siloé, no vale de Cedron.
Foi casado com Anelise, filha do Faraó Siamon, tendo recebido como dote de casamento a cidade
Cananéia de Gezar.
O Ponto na Parte Superior do Círculo
Este ponto, estando na parte superior do nosso círculo imaginário, coincide com a posição do Livro das Leis Sagradas. Com os olhos de nossa mente, podemos imaginar uma escada, com sua base apoiada sobre o Livro e seu topo alcançando os céus.

O Livro das Leis Sagradas
Na maçonaria, o Livro das Leis Sagradas representa um conjunto de doutrinas éticas, com fundamentos espiritualistas, que devem conduzir o coração de todo maçom. Ele representa as aspirações a que o espírito do irmão deseja alcançar.
Além disso, ele, aberto sobre o altar, simboliza a presença invocada do Grande Arquiteto do Universo nas sessões.
Como no Brasil a maior parte da população maçônica é formada de Cristãos, a Bíblia Sagrada figura o Altar como representante dessas Leis, mas o Livro das Leis deve ser aquele que representa a fé professada pelos irmãos. Se houver um irmão muçulmano, por exemplo, o Corão representará seu Livro da Lei, uma vez que a maçonaria não distingue religiões.
A Escada de Jacó
A Escada de Jacó (ou Jacob), presente no Painel da Loja de Aprendiz é uma importante alegoria que a Maçonaria adotou como a ligação do plano material em que vivemos com o plano superior a que aspiramos.
Em Gênesis, capítulo 2 (versículos de 12 a 19), encontra-se o seguinte: “Então (Jacó) sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão te pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, e a darei a ti a à tua descendência; e a tua descendência será como o pó da terra; dilatar-te ás para o ocidente, para o oriente, para o norte e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão benditas toas as famílias da terra.
Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho falado. Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não sabia. E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus. Jacó levantou-se de manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs como coluna; e derramou-lhe azeite em cima. E chamou aquele lugar Betel; porém o nome da cidade antes era Luz”.
A escada vista por Jacó, com sua base na terra e a outra extremidade no céu, simboliza uma ligação entre os planos Material e Espiritual. Os anjos, em seus movimentos de subida e descida, representam os ciclos evolutivos e involutivos da vida, em seu perpétuo fluxo e refluxo, através de nascimentos e mortes.
Pelas tradições maçônicas, a escada possui tantos degraus quantos são virtudes necessárias ao aperfeiçoamento de cada um. As três mais importantes são a Fé, a Esperança e a Caridade, ali simbolizadas pela Cruz, a Âncora e o Cálice.
Percepções e impressões
A respeito das duas linhas, encarando as biografias destas duas personagens bíblicas como autenticas ou lendárias, sempre há um conteúdo a se aprender. Ambas são marcadas por virtudes, como a fé, a força de vontade, a liderança e a sabedoria; e, além disso, suas ações deixaram um grande legado para a humanidade.
O ponto, na parte superior do círculo, encontra-se o mais próximo possível do Leste, ou do Oriente. Podemos entender como o ponto de início e término em um ciclo; o ponto onde o Sol nasce para romper e dar vida ao dia. O Livro Sagrado, posto nesta posição, simboliza que seus ensinamentos devem estar presentes durante o percurso em torno do círculo.
A Escada de Jacó, apoiada sobre o mesmo Livro, nos apresenta a ideia de que a experiência absorvida no período da jornada compõe a base para se começar a galgar os seus degraus, a fim de atingir a perfeição através da lapidação intelectual, moral e espiritual.

A Maçonaria do futuro

A Maçonaria do Futuro
Vivemos hoje um momento de grandes transformações na humanidade, do fim das barreiras de comunicação, onde qualquer fato ocorrido em qualquer local do planeta é imediatamente compartilhado por milhões de pessoas.
Sem dúvida é uma nova era, com valores em constante reavaliação. São mudanças tão rápidas e dinâmicas que deixam a impressão de imprevisibilidade em vislumbrar o futuro. Contudo, isso pode trazer uma ampla perspectiva, onde pode-se contemplar valores e conhecimentos significativos, que possam servir para um futuro melhor.
Essas mudanças há muito se fazem necessárias; a sociedade atual, graças ao esgarçamento da estrutura familiar e ao avanço da amoralidade, é altamente antiética, o respeito às pessoas praticamente inexiste, a solidariedade está em declínio, o sentido de auferir vantagens e a deslealdade cresce dia a dia.
A história nos ensina que sempre se evolui numa curva ascendente, contínua e em longo prazo, as civilizações passam por períodos de desenvolvimento e decadência; cada geração herda conhecimentos das que a antecedem, e a decadência decorre, invariavelmente, do êxito de um estágio de bem estar e riqueza utilizados para o supérfluo, enfraquecendo os valores humanos conquistados.
Nesse mundo em constante e rápida evolução, qual é o papel da Maçonaria? Nossa Augusta Ordem, como qualquer instituição contemporânea, passa por um momento de transição. Talvez seja essa a melhor hora de encontrarmos nosso caminho, de darmos os contornos à nossa Ordem, de tal maneira que o seu ideário seja preservado, visto que ele é uma das razões de sua sobrevivência.
Desde que ingressamos nesta Ordem, aprendemos os grandes feitos da Maçonaria no passado, e sempre temos irmãos, em todas as épocas, que nos transmitem grandes exemplos. São grandes homens, figuras ímpares na evolução da humanidade.
Tivemos o privilégio de possuirmos antepassados que nos legaram a Ordem na qual estamos, e é no mínimo exigido de nós que, deixemos para as gerações futuras uma Maçonaria na qual elas também possam se espelhar e ver luz.
A Maçonaria, neste novo milênio convive com duas realidades. Uma é a irmandade influenciada pelo poder, e a outra é o lado de novos conhecimentos humanos, que são a base para o desenvolvimento de uma irmandade mais transparente, inteligente e fraterna. O grande desafio será a continuidade do desenvolvimento do conhecimento, da educação, da sabedoria, da própria evolução, enfim, com a ampliação do crescimento da intuição, que favorece a visão holística em detrimento do conhecimento específico, analítico e limitado, desatualizados e fragmentado.
A visão do futuro da maçonaria desperta o nosso imaginário na luta por um sonho possível, motivador, unificador, integrador e desafiador, uma visão que mobilize energias e as nossas melhores qualidades humanas.
O Maçom pode influir na vida diária de sua família, de seus amigos e de sua comunidade, utilizando o ideário maçônico em sua vida profana, levando os valores aprendidos em Loja para todo o seu convívio diário. Esse ideário, em seu aspecto mais factível e resumido, está expresso na trilogia, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, pois os praticando seremos livres para progredirmos, para crescermos e contribuirmos para que os outros ao nosso redor também cresçam. Para avançarmos em nosso relacionamento interpessoal, gerando uma forma de atuação em todos os níveis, onde cada um de acordo com suas aptidões e capacidades possa contribuir na construção de um Homem melhor. Sendo assim, nossas decisões no mundo profano devem refletir o ideário maçônico, pois assim estaremos contribuindo para o engrandecimento da humanidade.
O papel do Maçom nessa sociedade moderna, certamente é equilibrar os valores tecnológicos com os valores morais, intelectuais e culturais que nos são tão caros. Cabe-nos buscar a ética das relações homem tecnologia, contribuindo com isso para o equilíbrio social através da fraternidade. As ferramentas básicas, nós as temos, pois somos uma instituição eclética e universalista, que abriga as mais variadas matizes do pensamento humano e trabalhamos diligentemente do meio dia à meia noite.
Todos os Maçons tem a responsabilidade de mostrar para a sociedade, através de suas atitudes e ações, que o futuro esta acima de tudo, coerente com a aspiração das pessoas por auto respeito e auto realização.

A participação do Maçôm

A Participação do Maçom

Nas reuniões, resume-se a receber os maravilhosos fluídos, as sadias vibrações, o calor humano e as lições que são o saldo positivo de tudo.
Essa participação, contudo, será “passiva”, e, portanto, insuficiente; o Maçom precisa trazer consigo, de casa, uma parcela de contribuição; raros são os casos em que um Ir.’. traz um trabalho espontâneo, pois se sente proibido diante do Tempo de Estudos já programado e teme uma ingerência não solicitada. Esse comportamento traduz a falta de conhecimento do Ritual e das Leis Maçônicas, pois todo o Maçom, independente de seu grau, no âmbito do Rito que está trabalhando, tem o direito à palavra.
Cremos que a participação do Maçom deve ser ativa, presente, forte, pois será o “conjunto” dos Obreiros que formará a Egrégora. A pior posição, que é cômoda, é a do Obreiro que “exige” de seu Venerável Mestre uma programação que o deixe satisfeito. Isso não é “participação”, mas egoísmo. Somos da opinião que deveria haver nas lojas o “rodízio” dos cargos, obrigando assim todos a exercitarem uma tarefa em benefício comum. O trabalho de todos é o verdadeiro trabalho maçônico, pois uma construção de alvenaria exige a participação de todo o grupo convocado para tanto.
Ninguém pode desprezar a tarefa que não aparece como o alicerce que some no subsolo, como a parte que fica oculta sob o reboco. O conjunto arquitetônico merece, é verdade, os louvores do arquiteto ou do empreendedor; nós sabemos que a Humanidade é injusta e que premia somente aqueles que aparecem – e na Maçonaria, malgrado toda sua filosofia contrária a esse disparate, infelizmente, há ocorrências até  a respeito. Contudo, a Maçonaria não visa premiações, mas o término da obra. O Obreiro tem o direito de exigir de seu Venerável, por meio do Saco de Propostas e Informações uma programação que o satisfaça.
O Maçom que não dá a sua “participação” não tem o direito à crítica e muito menos à ausência. A Maçonaria não pune, mas isso não significa ausência de responsabilidade. Temos um fator muito importante, embora possa ser considerado arcaico e ultrapassado na conceituação moderna: o Juramento.
Não seria ele suficiente para comprometer o caráter do Maçom? A leviandade do “esquecimento” do Juramento certamente impõe ao Maçom a imputação de traição, pois se separado do Grupo o deixa enfraquecido. Medite o Maçom sobre essas considerações: amplie-as e adapte-as ao seu caso peculiar, e terá plena certeza de que a sua Loja, com a sua contribuição participativa, crescerá em todos os sentidos.
Weide José da Silva.: